sábado, 20 de março de 2010

Bombril na Antena

Nesses tempos chatos de planejamento de mídia e diretores de criação parece impossível encontrar algum programa de televisão onde tudo é aleatório. Não do tipo “aleatório experimental”, ou “vamos entrar na moda trash”, mas simplesmente aleatório aleatório, sem sentido e sem intenção de ser assim. A pérola existe e tem o nome de Brothers, o programa dos irmãos Suplicy na Rede TV.

Pequeno aperitivo das atrações: Uma criança de terno explica os terremotos do Chile e do Haiti, um ator imita um esquizofrênico se estapeando num ponto de ônibus, um repórter com uma camisa florida faz uma matéria sobre assédio sexual na... Risadaria (espécie de FLIP para humoristas que acontece nesse fim de semana em São Paulo).

Supla apresentando é o Supla de sempre com seus “yo papito” e “c`mon kids”. Já seu irmão João herdou a malemolência e a animação do pai Eduardo, que encanta o Senado brasileiro com seus monólogos e números musicais. (Aliás, seu Suplicy merecia um quadro próprio no programa.) Além de chamar as matérias, interagir com a platéia e fazer merchandising a dupla ainda toca o que der na telha. Nada muito extravagante, Beatles ou Jorge Ben Jor.

Mas tem umas assistentes de palco bem gostosas com roupinha de couro e patins. Minha favorita é uma das recém contratadas. Moça atípica no ramo, magrelinha e de rostinho angelical, não tem muita paciência para as coreografias nem tino para o improviso. Quando é focalizada durante alguma música limita-se a balançar os bracinhos com a graça inata das meninas que dispensam essa coisinha previsível chamada ritmo. Minimalista e irresistível.

Se é a experiência mais radical de nonsense da televisão brasileira, uma versão dadaísta do Caldeirão do Hulk, ou se os irmãos compraram esse horário na Rede TV pra tirar uma onda, eu não sei nem arrisco palpite. Só sei que se sua ressaca de sexta feira durar até as seis da tarde do sábado pode valer a pena.

PS: O texto aí vai pro João que ajudou a garimpar essa maravilha.

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