segunda-feira, 4 de julho de 2011

Crítica de cinema do Galvão

Bem amigos do cinema brasileiro. Podem falar que minha implicância é pelas copas de 86, 98 e 2006. Não ligo. Pra mim assistir filme francês é como ver um jogo de futebol com comentários interruptos do meu colega Casagrande. E que ainda termina em zero a zero. Por isso não entendo a razão daquele diretor velhinho, que anda custeando as férias da família em produções cinematográficas ter preferido Paris ao Rio.

Não nego que a cidade francesa tenha lá seus encantos, eu mesmo costumava dar uma esticada por lá, com uma patota da fórmula 1, Jean Todt, o Prost, o Piquet. Turminha boa, mas não se comparam aos meus amigos do Jobi. Ora, se era caso de filmar a cidade na chuva, porque Paris? Só por conta daquele para-raio gigante da Torre Eifel. Não era mais fácil botar umas câmeras na Praça da Bandeira, meu Deus?

E aquela onda toda de Paris é uma Festa. Os gauleses até empatam conosco no quesito escritores bêbados, mas em festa? Por acaso o Hemingway já saiu no Bola Preta? O Fitzgerald já se esbaldou numa feijoada da Tia Surica? A Gertrude Stein já desceu até o chão? Depois se era pra botar um monte de ator fazendo papel de intelectual, melhor fazer igual o Caetano no “Cinema Falado” e botar os próprios, economizando na grana do cachê.

Além de tudo o caso é de ingratidão. Afinal, sem Brasil não existiria Woody Allen. O ancião diretor não cansa de alardear por aí seu apreço por Machado de Assis. Mas o buraco do projetor é mais embaixo. Pergunte a qualquer fã desse senhor sobre seu filme favorito. Se o sujeito ao invés de bancar o esperto responder com sinceridade vai dizer: "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa", "Manhattan". Depois de responder a expressão do fã vai adquirindo nostalgia até explodir em pranto convulsivo. "Por que ele não faz mais filmes assim, meu Deus?"

Simples, porque ele não fazia sozinho. Seu auge só ocorreu com a parceria com Marshall Brickman. E advinhe onde nasceu Marshall? No Rio de Janeiro. Não é coincidência a semelhança dos filmes de Allen com a obra Domingos de Oliveira, único a conseguir fazer 150 longas apenas entre Ipanema e o Baixo Gávea. Em 68, Dominguinhos terminava o insuperável “Todas as mulheres do mundo”, com Lelilinha Diniz. E Woody Allen fazia o quê? Stand up comedy, em infectos bares no Brooklyn.

No mais, isso de fazer filme sobre uma cidade, também é coisa nossa. Pois enquanto Buñuel estava lá ocupado com olhos cortados, cães andaluzes e outras esquisitices, o grande Humberto Mauro finalizava seu “Sinfonia de Cataguases”, eternizando a aprazível cidade mineira na história do cinema mundial. E em termos de escolha de elenco francófono, ninguém supera Mário Peixoto. O gênio de Mangaratiba disse que só faria um segundo filme se fosse estrelado por Brigitte Bardot e Roberto Carlos. Pena que na época, a Petrobrás andava mal das pernas.

Um comentário:

  1. muito bom, igor!!
    como sempre, venho acompanhando seu blog.
    como estão as coisas aí no rio?
    felipe augusto.

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